Durval Lelys em matéria linda do Correio da Bahia

Atração da noite de hoje no Festival, Durval Lelys fala sobre seus 25 anos de carreira

Pela 13ª vez no palco do evento, ele promete “o de sempre” para os fãs que vão lotar o Parque de Exposições 

 

Monique Lôbo
monique.lobo@redebahia.com.br

Em um dia típico de Verão, fomos entrevistar Durval Lelys, líder de um dos maiores grupos de axé do país, o Asa de Águia. Quando ele chegou à produtora, fundada em 1987, para administrar a banda que nasceu no mesmo ano, o calor já estava quase insuportável. Mas nada disso parecia abalar a sua tranquilidade. Com um pacote de salgadinho nas mãos e uma simplicidade rara nos dias de hoje, o músico fazia questão de dividir o petisco.

A única coisa que o perturbou foi a câmera. “Minha roupa está boa? Porque eu não sabia que ia ter foto, não vim preparado”. Falamos que estava. “Então tá. Mas, tá bom mesmo?”. Dessa vez, quem confirmou foi a assessora da banda: “Está ótimo, você está bem casual”. Pronto, ele lavou o rosto, passou a mão no cabelo e posou para as fotos com um sorriso escancarado, sua marca registrada.

Mistura

Sentamos para fazer a entrevista e o calor não tinha nos abandonado. Mas isso é algo com que ele está habituado. Hoje, o Asa de Águia é a segunda atração do Festival de Verão de Salvador e vai comandar uma plateia que costuma pegar fogo. Pela 13ª vez no palco do evento – não participou apenas nos anos 2000 e 2005 – Durval prometeu “o de sempre” para os fãs que vão lotar o Parque de Exposições. “Muita brincadeira, muita energia! O Asa arrêa sempre!”. E alertou: “Ó, arrêa não tem ‘i’. Porque outro dia me perguntaram: é arreia? Não é arreia, é arrêa, A-R-R-Ê-A!”. Sim senhor, anotado.

Quando questionado sobre como é para uma banda, que completou ano passado 25 anos de estrada, participar do Festival de Verão, Durval Lelys foi categórico. “Eu acho muito bom. É fundamental unir artistas. Sambistas, a MPB, o axé e todos os segmentos que a gente tem aqui com essas grandes atrações internacionais. Isso é o lado bom do Festival, porque as pessoas querem ver todos e todos têm o mesmo direito, é democrático”, afirma o músico.

Bodas de Prata

Em março de 2012, o Asa de Águia gravou CD e DVD intitulados A Festa Continua (Som Livre), para celebrar os 25 anos de carreira. O cenário escolhido foi a capital pernambucana. “Queria fazer uma coisa bem diferente e a gente tem muitas histórias boas em Recife. Eu sou cidadão pernambucano e cidadão noronhense, tudo isso me levou a uma intimidade com Recife. Seu Osmar Macêdo (1923-1997) sempre falou que a gente era a banda da Bahia que mais tocava frevo, então acho que uma série de fatores fez com que o Asa comemorasse isso em Recife”, diz.

Para a difícil tarefa de selecionar o repertório, eles contaram com a ajuda dos fãs e das redes sociais. Fizeram uma enquete e pediram para que seus seguidores listassem as músicas que foram marcantes nesses 25 anos. Mais de cem canções foram lembradas e, em seguida, Durval e sua equipe chegaram ao número final. “A gente se pautou nas mais votadas e praticamente oitenta, noventa por cento do repertório foi em cima do pedido deles”, conta orgulhoso.

Em retribuição, Durval convidou nomes de peso para a festa. O cantor Thiaguinho, a dupla Solange e Xand do Aviões, o irmão André Lellis e o pernambucano Ju Medeiros, amigo e sócio em uma pousada em Fernando de Noronha.

Renascimento

Inovador, Durval foi um dos precursores dos desfiles no circuito Barra/Ondina. Depois do trio do Crocodilo quebrar em plena avenida, em 1991, ele desceu até a Barra no último dia de Carnaval para compensar o incidente. Foi, também, um dos responsáveis pela mudança da mortalha para o abadá, em 1993, quando lançou a música Eu Vou Sair de Abadá. Em 2005, estreou o maior trio elétrico do mundo, o Dragão da Folia, com 30 metros de comprimento. E é o criador de vários personagens como Conde Draculino, Dom Durvalino I e o Reciclável.

Ano passado, o líder do Asa de Águia foi na contramão do que era esperado e não lançou nenhum alterego. Durval confessa que a intenção era surpreender com a simplicidade. “O Asa está renascendo agora, e a gente está observando tudo, tentando não dar apenas continuidade ao trabalho, mas dar inovação. Então, colocar um personagem seria uma redundância”, constata.

Questionado sobre os planos para o Carnaval 2013, ele prefere não revelar muita coisa: “Como esse Carnaval está muito em cima, acredito que este ano não tenha personagem, mas tenho ideias”. O que o músico garantiu foi lançar uma música inédita durante o show de hoje à noite no Festival.

“Tenho uma música nova que se chama Suba no Trio. Ela faz uma paródia com esses carros que estão em moda, o Camaro, o Sedan, Fiorino. Mas o grande carro que as mulheres querem subir é o meu, o meu trio”, diz, aos risos. E, no meio da entrevista, sem a menor cerimônia, ele começa a cantar: “Explodiu suba no meu trio, o Asa é a bola do Brasil. Subir, todo mundo quer, meu trio é da galera e tá cheio de mulher”.

*Momentos de Durvalino


Durval em 1989, dois anos depois de criar o Asa de Águia. O nome do grupo, inclusive, foi inspirado no voo livre a bordo de asa-delta, esporte praticado por Marcelo Brasileiro, sócio da banda. A águia foi escolhida por ser um pássaro soberano.

 
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