Axé perde para MPB, pagode e som sertanejo no gosto dos baianos

Novidade, e até surpresa, é o que revela uma pesquisa encomendada pelo CORREIO

Hagamenon Brito | Redação CORREIO
hagamenon.brito@redebahia.com.br


A axé music não é mais a mesma. Não é de hoje que o estilo, surgido em Salvador em meados dos anos 80, perdeu muito espaço como segmento musical relevante no país, tendo que compensar o revés com a exportação do modelo dos carnavais fora de época.

A novidade, e até surpresa, é o que revela uma pesquisa encomendada pelo CORREIO e realizada pelo instituto capixaba Futura em 16 bairros de Salvador, com 601 pessoas, entre os dias 2 e 6 de agosto: atualmente, o axé ocupa o 4º lugar no ranking dos gêneros musicais preferidos dos soteropolitanos.

Com só 4,3% da preferência, o axé perde para a MPB (23,5%), pagode (10,5%) e sertanejo (8,7%) em sua própria terra. Mais surpreendente é perceber que, se juntarmos os percentuais dos gêneros irmãos rock (3,2%) e pop rock (2,3%), dá 5,5% - o que faria o axé cair para a 5ª posição.

Axé elitizado


O declínio do axé tem a ver com a sua própria trajetória: nascido essencialmente como manifestação de rua, da junção de ritmos e tendências, o estilo se afastou gradativamente das camadas mais populares - seja em sua linguagem, seja nos preços das suas festas, blocos e shows.

Podendo ser acessada no site www.futuranet.ws e com entrevistas feitas com cotas por faixa etária, sexo e região de moradia, a pesquisa mostra que a maioria dos que preferem axé pertence às classes sociais A/B: 6,1%. É o mesmo percentual da maioria de quem curte rock e música clássica. Já o pagode e o sertanejo têm predominância de fãs nas classes D/E e C com 13% e 10,6%, respectivamente.

Na pergunta “Qual a banda de pagode que você mais gosta?”, feita de modo espontâneo, o Harmonia do Samba lidera a pesquisa com 14,6%, provando que o grupo de Xanddy tem um prestígio que resiste ao tempo: afinal, o primeiro disco foi lançado em 1999.

Em seguida, só tem grupos da nova geração do pagode baiano: A Bronkka (6%), sensação do momento; Parangolé (5,5%); Saiddy Bamba (5,2%); Black Style (4,2%); e Psirico (2,7%). Por outro lado, 53,1% disseram não gostar de nenhuma banda de pagode.


Chiclete e Ivete


Também espontânea, a questão “Qual a banda de axé que você mais gosta?” deu Chiclete com Banana na cabeça com 22,5%, seguida de Banda Eva (8,7%), Cheiro de Amor (3%), a afro Olodum (2,5%) e Asa de Águia e Timbalada empatadas com 2,2%. Já 47,6% não gostam de nenhum grupo de axé.

Assim como Ivete Sangalo, cantora de axé preferida dos consultados com esmagadores 54,7% (contra 5% de Claudia Leitte e 3,75% de Daniela Mercury, segunda e terceira colocadas), a banda de Bell Marques reina em todas as classes sociais, idades e níveis de escolaridade.

Curiosidade: no público fã do Chiclete com Banana, a ala masculina (30,5%) é o dobro da feminina (15,8%). Com a gatíssima e loira Claudia Leitte é igual, claro: 7,4% de homens e 3% de mulheres. Já com Ivete, é praticamente empatado: homens (53,7%) e mulheres (55,6%).

São João no topo


Entre o Carnaval e o São João, qual festa popular você acha que é a favorita do soteropolitano? Bem, os festejos juninos, mostram a pesquisa do CORREIO e Futura, vencem com 59,2% da predileção, com o Carnaval ficando com 19,6%. Entre os que gostam da folia de Momo destacam-se os jovens e os moradores com alta renda familiar.

Mas espantosa mesmo é a revelação de que 52,1% dos entrevistados não gostam do Carnaval, sendo que nessa época do ano, porém, 70% dos soteropolitanos ficam na cidade. É a voz do povo, pois não.

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