No baú do Pedrinho...


Ao som de “Pinel de Flash Gordon”, composição de Durval Lelys, o Bloco do Pinel fervilhava no carnaval de 1988. Era a estréia de Durvalino como vocalista da Banda Pinel que mais tarde daria origem ao Asa de Águia. O trio, em tons de azul, combinava com a mortalha que trazia o “maluquinho” símbolo do bloco mais cobiçado na época.

As mortalhas, enormes pedaços de tecido em algodão e impressas em silk-screen, eram símbolo de orgulho para os foliões que as esperavam ansiosamente. Elas identificavam a que “tribo” você pertencia. Ao contrário de hoje, o status de um bloco era mais importante do que o próprio artista ou banda que se apresentaria no trio. Na verdade, ao artista era concedido o privilégio de “puxar” o bloco e comandar a festa da galera. Era fundamental que ele também pertencesse ao grupo que iria comandar. Assim eram os blocos, assim foi o Pinel.

Combinar o tema da fantasia e da decoração do trio com o da música, foi resultado de uma conversa que Durval Lelys teve comigo logo que ele assumiu a banda. Pela primeira vez ví um cantor se preocupar em dar essa visão homogênea ao bloco. O resultado foi o tema “Flash Gordon Pinel”, juntando música e estética visual. Dessa conversa surgiu também uma parceria que já dura mais de 20 anos.

A mortalha abaixo, marca uma evidente preocupação minha em predominar uma só cor nas fantasias, afim de valorizar o conjunto, mesmo que em detrimento da peça individualmente. Eu entendia que as mortalhas multi-coloridas, quando em conjunto, geravam um efeito pictográfico indefinido, geralmente um tom amarronzado. Tantos anos depois, vejo, curioso, o meu esforço hilário em colocar tons de azuis até nas figuras humanóides do desenho. Mais curioso ainda foi o fato de que, anos mais tarde, essa minha visão monocromática viria a viabilizar uma outra idéia que foi um abadá para cada dia no Bloco Cheiro. Seria impossível, do ponto de vista da segurança do bloco, três abadás multi-coloridos. Para os mais novos, lembro que, até 1997, o folião recebia uma só fantasia para os três dias de carnaval. A criação dos três abadás também viabilizou a venda individualizada dos dias dos blocos como fazem a atuais centrais de vendas.

 
Fonte: http://pedrinhodarocha.wordpress.com/2011/04/07/pinel-de-flash-gordon-carnaval-de-1988/

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