Ivete Sangalo canta inéditas do próximo DVD e incendeia a madrugada turbinada pelo Asa de Águia



Irlam Rocha Lima
Correio Braziliense

Entre os incontáveis cartazes e faixas exibidos pelos foliões no sábado, na primeira noite do Brasília Indoor, a maioria trazia escrito: "Aceleraê, Ivete!". Trata-se de referência explícita à música homônima, que, mesmo antes de ganhar registro em disco, bombou no YouTube, no site da cantora e está na boca dos fãs. No camarim, antes do show que apresentaria em seguida, a maior estrela da música brasileira da atualidade adiantou ao Correio: "Essa é uma das oito inéditas do DVD que gravo em 4 de setembro no Madison Square Garden, em Nova York".

Aceleraê, composta a seis mãos por Guigui, Rubão e Fabinho O%u2019Brian (músicos da Banda do Bem, que a acompanha), como o nome indica é uma mistura rítmica com forte apelo à dança. E foi isso o que se viu na arena instalada ao lado do Estádio Mané Garrincha, com todo mundo se jogando na farra. Antes, sempre moleca, a cantora mandou: "Eu quero ver todo mundo saindo daqui cansado e casado".

Eram 23h45, quando Ivete, usando modelito preto, salpicado de cristais - criação da estilista Patrícia Zupa, responsável por seu figurino - abriu o show, cantando Na base do beijo, um dos hits do carnaval baiano de 2010, para o delírio das 20 mil pessoas que participaram da festa. Ela emendou com Dalila, Levada louca, Pererê e Canibal, com um fôlego impressionante.

Sempre vaidosa, perguntou aos admiradores: "Estou bonita? Estou gostosa?". Teve como resposta assobios, gritos e sussuros. Preocupado em manter o clima de alegria e descontração, pagou sapo para um bombado, ao vê-lo distribuindo sopapos, deixando-o constrangido. Embora a estrutura montada tenha sido elogiada, não faltaram reclamações à segurança, que, segundo alguns, atendeu mal nos portões de acesso, foi omissa em relação a furtos e deixou de coibir atos de violência, como deveria.

Ivete quis compartilhar com o brasiliense a expectativa em torno da gravação do DVD nos Estados Unidos, passando alguns detalhes. Ainda no camarim anunciou o nome de mais dois convidados, o cantor argentino Diego Torres e a cantora canadense - radicada em Nova York - Nelly Furtado, que se juntarão ao roqueiro colombiano Juanes, ao astro pop inglês James Morrison, à dupla porto-riquenha Winsin & Tandel e ao brasileiro Seu Jorge.

"Esse projeto voltado para o mercado latino-americano me possibilita reforçar a relação com artistas dos quais sou próxima culturalmente", afirmou. Na execução, a produtora Caco de Telha, que cuida da carreira da artista, vai investir R$ 6 milhões, incluindo a contratação de técnicos que já trabalharam com ícones do pop rock internacional, como Rolling Stones, Genesis e The Police.

Versões
Como de hábito, na apresentação no Brasília Indoor, a cantora prestigiou colegas de ofício ligados à axé music, com versões bem pessoais para Bota pra ferver (Asa de Águia), Rebolation (Parangolé) e Lobo mau (O Báck), acentuando o refrão dessa última: "Vou te comer, vou te comer, vou te comer", auxiliada pelo coro de milhares de vozes.

A faceta mais popular de Ivete foi evidenciada no fim do show, com o medley que incluiu as lambadas Chorando se foi (Márcia Ferreira), Preta (Beto Barbosa) e Chupa toda (Frutos Tropicais), também conhecida como Xibiu. Com Empurra empurra e Arerê (do seu repertório) e o clássico País tropical, de Jorge Ben Jor, ela despediu-se do público, deixando-o aceso para o show do Asa de Águia.

"O Asa arrêa"

Quando o Asa de Águia entrou na arena do Brasília Indoor, quase que ainda podiam ser ouvidos os últimos acordes do show de Ivete Sangalo. À frente do trio, o vocalista Durval Lelys abriu os trabalhos com a emblemática Hoje é dia do Asa, cantada em coro pelos seguidores do cantor e de sua trupe. Quebraê, que veio em seguida, elevou ainda mais o clima, espantando o frio do começo a madrugada de domingo, à base de "O Asa arrêa! arrêa! arrêa!", grito de guerra que os fãs repetem com satisfação.

Com sua elogiada capacidade de comandar a massa, Durval teve o público sempre ao seu lado, ao fazer desfilar um repertório em que misturou antigos sucessos, tipo Qual é, Pra lá de Bragadá, a lambadinha Porto Seguro e Me abraça, que compôs para um dos blocos mais animados do carnaval de Salvador. Não faltou, é claro, Vale night, o hit do Asa da folia baiana deste ano. Uma das novidades foi Cerveja e coco, feita em homenagem à parceria estabelecida há três anos com Ivete Sangalo nas micaretas pelo Brasil.

Ao saudar o Brasília Indoor, Durval o fez com propriedade pois o Asa de Águia, além de ter participado da primeira Micarecandanga, no início da década de 1990, se fez presente em todas as outras realizadas na cidade. No item homenagem, ele destacou Jorge & Mateus, cantando Vou fazer pirraça, um dos grandes sucessos da dupla goiana; e o cantor baiano Tomate, atacando de Parará. Quando o Asa saiu de cena, às 4h, muita gente permaneceu na arena, com pique para cair no funk carioca, detonado pelo DJ Marlboro.

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