Durval Lélys dá o vale-night para a galera curtir a festa sem agonia



Alexandre Lyrio e Mariana Rios | Redação CORREIO | Fotos: Evandro Veiga e Divulgação

A ideia de que “ninguém é de ninguém” no Carnaval é mais antiga do que a fobica de Dodô e Osmar, desde que o lança-perfume era uma diversão inocente. A banda Asa de Águia apenas oficializou a concepção no seu mais novo hit, a música Vale-Night, com o qual o parceiro ou parceira libera a cara-metade para uma noite na folia.

Pegue o seu vale-night e divirta-se no Carnaval

Mas o que pode soar como uma ameaça para os relacionamentos é apenas uma desculpa divertida para casais que fazem do vale-night uma prática. Pode acreditar. Inúmeros felizardos conseguem o “passaporte da alegria” sem maiores esforços.

Que macho deixaria a sua fêmea no meio de um harém, jogada a leões cheios de testosterona? Pois o relações-públicas Victor Bahia, 23 anos, vai liberar a namorada durante os 5 km de percurso do bloco Harém, que sai amanhã, no circuito Barra/Ondina.

A publicitária Natacha Aquino, 21, ganhou até certificado de princesa e sairá de graça no bloco. Ele, por sua vez, não faz questão de acompanhá-la. Vai estar no bloco Quinta da Caçamba, uma brincadeira entre amigos que sequer sai nos circuitos oficiais.


Vitor deu o vale para a namorada Natacha, que vai para o
Harém; ele vai pra Quinta da Caçamba

'Garanto que ele não precisa se preocupar. Nos outros dias, vamos estar coladinhos, pra compensar. O bom do vale-nigth é a compensação”, diz Natacha, que deixa claro o prazo de validade do passaporte. “É uma noite, e só”.

DESAFORO Bem diferente da professora Cristina Souto, 30, e de seu namorado. Mais do que um vale-night, ela ganhou um vale-Carnaval. Há 16 anos, desde a primeira edição do Nana Banana, não abre mão de sair no bloco. Ele acha um desaforo desembolsar R$800 por dia para olhar pra cima do trio e ter que ver as pernas de Bell Marques.


Cristina Souto: mais do que um vale-night, ela ganhou um vale Carnaval

Resultado: durante todos os dias de folia o cara vai surfar na Praia do Forte, no litoral norte. A onda dela é outra. “Vou é pular, me divertir”. Para a professora, a “folga” tem uma boa explicação. “O Nana faz parte de minha vida. Se ele quiser ir, será bem-vindo”.

ALVARÁ O pedagogo José Carlos Ferreira Filho, 40, brinca Carnaval desde o tempo em que o vale era conhecido por alvará de soltura ou alforria. Carlos é exemplo de poder de persuasão. Conseguiu o que 99,9% dos homens comprometidos gostariam, mas acabam frustrados.

Há 11 anos, está liberado pela esposa para sair nos Filhos de Gandhy, com direito a colares e alfazema. “No começo era estressante. Até falava que ia contar os colares para conferir se ele tinha voltado com todos. Mas depois relaxei, tudo é confiança”, explica a professora Dejeane Pina Burlacchini, 38, casada há 19 anos com Carlos, que também está liberada para aproveitar a festa.

“Ela curte do modo dela, no camarote, e eu do meu. Não pode é sufocar”, concorda Carlos, que brinca com o sentimento de posse de casais. Para ele companheiro que é companheiro continua amando no Verão e no Carnaval.
“Tem gente que é ‘meu amor pra cá, meu amor pra lá’ na Primavera, Outono e Inverno. Mas no Verão...”, diz ele sobre a estação na qual todo mundo se agita.


Carlos Ferreira é o exemplo da persuasão: há 11 anos é liberado
pela esposa para sair no Gandhy

“Aqui em casa tem diálogo, lavamos a roupa suja”. Antes de ele vestir a fantasia de Gandhy, vai recarregar as baterias na Linha Verde juntinho, dando muito amor à esposa, de quinta a sábado. Domingo, vale-night.

Em alguns casos, o vale também é usado por namorados a distância.

O estudante de medicina Matheus Barreto, 22, vai amanhã para o Camarote do Reino, sema namorada mineira, que só vem de Belo Horizonte na sexta. “É diboa. Ela encara isso naturalmente”.

'É um direito do povo', diz Durval Lélys do Asa de Águia

'É um direito do povo', diz Durval Lélys que ataca de novo e oferece mais um sucesso. Confira a íntegra da entrevista:

Como surgiu a ideia?
O vale-night surgiu com o objetivo de ser o passaporte da folia e não se restringe apenas a um pedido de libertação do casal para curtir a vida sem nenhum tipo de pressão ou cobrança.

A composição de Toninho Jucá teve alguma sugestão sua?
Fizemos ajustes para a música ficar mais carnavalesca.

Quem deve pedir o vale?
Todos, afinal o vale-night é um direito do povo.

Tem que ser usado com moderação? Com qual frequência?
Veja bem, o vale-night vai além do relacionamento a dois. É a forma de você pedir sutilmente para quem quiser – mãe, pai, irmãos, amigos – que quer se divertir um pouco do seu jeito, depois de uma semana de trabalho intensa.
É um momento de relaxar quando algo o está pressionando. Logo cada um vai saber com que frequência vai usar seu vale-night!

O vale-night precisa ser dado, ou o cara pode se dar?
Qualquer pessoa pode se dar ou dar o vale-night.

Quem dá o vale-night pode ficar tranquilo? Não precisa se preocupar? Você assegura?
O vale-night é pessoal e intransferível. Então cada qual vai direcionar para o que for melhor pra si.

O cara tem que ficar na dele quando ganha um vale-night ou pode atacar?
Ele que vai saber como ficar, afinal ao vale já virou mania e nada como desfrutar da maneira que cada um escolher.

(Notícia publicada na edição do dia 10/02/2010 do CORREIO)

Veja também
Leia mais notícias do Carnaval 2010

Comentários