País do Carnaval: Na rua ou espaço fechado baianos fazem a festa


Osmar Marrom Martins | Redação CORREIO | Fotos: Angeluci Figueiredo e Claudionor Júnior

Os nomes são sempre os mesmos: Chiclete com Banana, Asa de Águia, Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Jammil, Eva, Timbalada... Hoje em dia não se faz uma grande festa popular em qualquer lugar do Brasil sem a presença de um artista da axé music. São as chamadas micaretas ou os carnavais fora de época. Até mesmo o São João, uma das manifestações mais tradicionais do Nordeste, e a Festa do Peão Boiadeiro, em Barretos (SP), têm um sotaque carnavalesco baiano.

É bem verdade que o sul do país ainda resiste. Principalmente os gaúchos, que só abrem exceção para uma ou outra aparição de Ivete e Claudia Leitte no Atlântida, uma espécie de Festival de Verão pop e rock. O Paraná chegou a fazer um carnaval fora de época, mas não deu certo. Ao contrário de Santa Catarina, que apostou no Folianópolis e vem colhendo êxito. Se o sul ainda é uma barreira, as demais regiões se renderam à força da música da cena surgida em 1985 e hoje consolidada em todo o Brasil.


Vista panorâmica do Carnatal, realizado há 19 anos na capital do Rio Grande do Norte

ADAPTAÇÃO

Roberto Bezerra, sócio da Destaque Produções, organizadora do Carnatal (que acontece há 19 anos), diz que o sucesso do axé fora da Bahia é fácil de explicar: “A música baiana, graças aos seus produtores, soube se adaptar à nova realidade urbana com os impactos que essas festas causam nas cidades. Daí criaram as festas indoors que mantiveram o mesmo êxito dos eventos que ainda são realizados nas ruas, como o Carnatal, o Pré-Caju e a Micareta de Feira de Santana”.


Wadinho Marques, do Chiclete com Banana: shows de janeiro a janeiro pelo país

Uma prova dessa adaptação vem de Belo Horizonte, onde era realizado o Carnabelô. Depois de entraves com órgãos públicos e parte da população, que reprovavam a festa, a micareta se transformou em Axé Brasil e hoje acontece em abril, no Estádio Mineirão, em dois dias, atraindo cem mil pessoas por noite. “O Axé Brasil é um dos maiores eventos de música baiana fora da Bahia. E ele deixou de ser local para se tornar nacional”, pontua Léo Dias, da DM Promoções, que também realiza outras micaretas em Minas.

RESISTÊNCIA

Por ser a pioneira, a Micareta de Feira de Santana, que existe há 72 anos, mantém a tradição de acontecer na rua, nos mesmos moldes do Carnaval de Salvador. O vizinho estado de Sergipe também se orgulha de fazer parte da última trilogia d erua. O Pré-Caju atrai uma multidão na Avenida Beira Mar. “Em 2010, vamos celebrar 20 anos. E, com todas essas mudanças, nós conseguimos nos manter na rua por causa do apoio dos órgãos públicos, que entenderam a importância do evento para a cidade”, comemora Fabiano Oliveira, sócio e fundador.


Durval Lelys, vocalista da banda Asa de Águia: entusiasta das micaretas

Nesta temporada, porém, nem as micaretas ficaram imunes à chamada gripe suína. Este mês, por exemplo, foram cancelados a Niteroifolia (RJ), a Triângulo Music (MG) e o Axé Itaipava (RJ). Nada que abale, ainda, a indústria da axé music.

Asa e Chiclete são os campeões

Apesar de artistas e bandas como Ivete Sangalo, Claudia Leitte e Jammil (que tem status de grande nome pop em Minas Gerais) participarem das micaretas em todo o Brasil, nenhum deles supera as bandas Asa de Águia e Chiclete com Banana em número de shows. De norte a sul do país, Bell Marques e Durval Lelys comandam suas trupes de janeiro a janeiro. Acabou o Carnaval pop de Salvador, todos colocam o pé na estrada embalados pela música axé.

“São nessas micaretas que as bandas baianas fazem o teste para o Carnaval de Salvador, que é a grande vitrine. Por isso, eles mostram seu repertório e antecipam o que vem por aí. Além de trabalharemo ano inteiro”. O comentário é do empresário Léo Goes, da produtora baiana Axé Mix.

Ivete Sangalo, Claudia Leitte e Tuca Fernandes são micareteiros

FUNDAMENTAL

Outro que reconhece e sempre apostou nessa nova fórmula é Durval Lelys.“O Asa foi o responsável pela abertura de grandes eventos em todo o Brasil. Foi de fundamental importância na nossa carreira o sucesso desses eventos ao longo desses anos de existência”, afirma à reportagem do CORREIO. O Asa participa, em média, de 20 grandes micaretas, além de fazer festas temáticas como as trivelas.

O tecladista Wadinho Marques, fundador do Chiclete com Banana ao lado dos irmãos Wilson e do líder Bell (que se encontra de férias na Europa), segue o mesmo raciocínio: “As micaretas ou carnavais fora de época são importantes não só para o Chiclete como para todas as bandas baianas. E nós sempre apoiamos desde o início”.

Fonte: http://correio24horas.globo.com/noticias/noticia.asp?codigo=33496&mdl=49

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